Segue o problema
Escassez de fraldas descartáveis continua impactando beneficiados
Indisponibilidade do item é relatada há cerca de três meses; agora a preocupação é ainda maior em razão da volta às aulas
Foto: Carlos Queiroz - DP - Cristiane da Silva relata as dificuldades enfrentadas pelo grupo de familiares que troca informações sobre o assunto
Por Victoria Fonseca
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)
A falta de fraldas descartáveis que deveriam ser disponibilizadas pelo Município de Pelotas continua sendo um problema para mães e familiares de pacientes que necessitam do item de higiene. Desde novembro do ano passado há relatos da escassez. Em matéria publicada pelo DP no começo de fevereiro o Executivo afirmou que o fornecimento deveria estar normalizado até a semana passada. No entanto, isso aconteceu apenas para alguns tamanhos, enquanto a carência permanece em outros e preocupa quem precisa retirar os itens, ainda mais devido à volta às aulas.
Para algumas mães, ir até a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com a esperança de conseguir retirar as fraldas para os filhos tem resultado em frustração recorrente. É o caso de Gláucia dos Passos há mais de dois meses. Na quarta-feira (22), a dona de casa foi novamente ao local pela manhã, mas ouviu a mesma explicação das servidoras: que ainda não havia fraldas para o fornecimento. "Disse que pode chegar semana que vem, mas não garante nada. Já fui lá umas três vezes e não tinha", conta.
Desde então, Gláucia tem buscado formas de comprar as fraldas. Situação que ficará ainda mais complicada em breve se o quadro continuar o mesmo, já que em poucos dias o filho volta a frequentar a escola e os atendimentos de fisioterapia. "Tem que comprar, está difícil, R$ 70 cada pacote. Ele não fala, é bem complicado, faz muita falta. Vão começar as aulas e é uma função que tem que comprar para levar." Diagnosticado com autismo, Eduardo utiliza as fraldas GG adulto, tamanho que é um dos mais apontados pelas mães como em falta.
Discussão em grupo
A escassez de fraldas é pauta frequente em grupo de familiares criado no WhatsApp para a troca de informações sobre a disponibilidade do produto para que não seja necessário o deslocamento até a SMS, já que muitas pessoas moram no interior de Pelotas.
Cristiane da Silva é quem monitora o grupo e mostra a informação enviada por outra participante. Moradora da Cohab Lindóia, em localidade próxima à BR-116, ela liga periodicamente para a Secretaria em busca das fraldas, pois o deslocamento até o Centro é apontado como caro e demorado. Ela diz que desde novembro não tem acesso ao item e que no ano passado só conseguiu retirar quatro vezes. "É uma briga. Imagina, a gente pega um mês e fica três, quatro sem conseguir. É um transtorno", afirma.
A dona de casa é mãe de Daniel, de nove anos de idade. Diagnosticado com autismo e atraso neuromotor, a criança estuda no Centro de Reabilitação de Pelotas (Cerenepe), onde a volta às aulas ocorre na próxima terça-feira. Dependendo de doações de familiares, Cristiane conta que a única fonte de renda é o benefício social que o filho recebe. "Tem que mandar de fralda [para a escola]", diz, ao comentar que precisará comprar o item.
O que diz a Prefeitura
A Secretaria Municipal de Saúde alega que na entrega dos insumos realizada no dia 13 de fevereiro faltaram fraldas tamanho GG/Adulta e tamanho G/Infantil. A equipe da SMS teria então contatado o fornecedor e os itens serão entregues na próxima semana.
Segundo dados da pasta, ao todo 2.554 usuários são atendidos pelos serviços de distribuição de fraldas do Município, sendo 2.466 referente ao público adulto e 88 no público infantil. O item é fornecido principalmente à população de baixa renda.
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